Roubo de cargas no Rio aumenta mesmo com a presença da Força Nacional

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A Força Nacional reforçou o policiamento no Rio há pouco mais de um mês. No entanto, o roubo de cargas aumentou, segundo empresas do ramo. Em função dos roubos, há produtos com dificuldade para chegar na Região Metropolitana.
Na caçamba de cada caminhão, além da carga, viaja o medo. “É uma profissão de risco, a gente não tem mais segurança. Um automóvel encosta atrás da gente, a gente não sabe quem é quem”, diz o motorista Jorge Antônio Vieira.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, os assaltos a caminhões triplicaram de 2000 a 2016 no estado do Rio. Em 2017, a média é de 24 caminhões assaltados por dia.
Os números de maio ainda não foram divulgados pelo instituto. Mas, de acordo com a Federação das Empresas de Transporte de Cargas (Fetranscargas), naquele mês o número de roubos acelerou 21% na comparação com abril, mesmo com o reforço de 300 homens da Força Nacional de Segurança. As tropas chegaram ao Rio no dia 15 de maio.
“A Força Nacional veio para cá, mas ainda não está atendendo, não está se dando resultado que se podia imaginar”, disse o presidente da Fetranscarga, Eduardo Rebuzzi.
Os agentes da Força Nacional ficam espalhados em 20 pontos da cidade, próximos a vias expressas e estradas federais que cortam o Rio. E é essa a reclamação das transportadoras de carga. As tropas ficam paradas e trabalham em turnos de 12 horas, entre 6 da manhã e 6 da tarde. E depois vão embora.
A reportagem do Bom Dia Brasil acompanhou uma equipe na Pavuna, Zona Norte do Rio, bem perto de duas grandes favelas da região. O Complexo da Pedreira e o Chapadão são usados como rotas de fuga das quadrilhas que assaltam os caminhoneiros nas estradas.
“A gente se sente mais seguro, né. Infelizmente o Rio está muito violento, mas dá uma certa segurança para nós que estamos aí no dia a dia”, disse o motorista Adriano Clementino.
O motorista destacou, no entanto, que o ideal seria a presença das tropas na região durante 24 horas. “Seria bem melhor e seria mais seguro pra todo mundo”
Com o fim da tarde se aproximando, os carros da Força Nacional começam a deixar os pontos de bloqueio. Às 18h em ponto, saem os últimos agentes. É quando começa, segundo os caminhoneiros, o período mais perigoso para eles.
“Eles vêm, param a gente 10, 11 horas da noite, que é o horário que a gente procura por causa do trânsito, a gente entra na pista para pegar um transito melhor, eles vêm, param o carro na frente e manda a gente descer e leva tudo o que a gente tem, quando não leva a carga ou o caminhão”, contou o caminhoneiro Edinalvo Barbosa.
As empresas de transporte de cargas dizem ainda que, como os assaltos não diminuíram, as seguradoras cobram mais pelo serviço e essa conta acaba repassada para o consumidor.
Segundo o presidente da associação de supermercados do Rio, por causa dos roubos frequentes, o preço de alguns produtos chega a subir 20%.
Segundo a associação, nem os caminhões que transportam contêineres estão a salvo dos assaltantes.
”Cargas até então inimagináveis passaram a também ser visadas, como por exemplo itens da cesta básica, arroz, feijao, biscoito. O consumidor já está pagando essa conta, fica impossível não repassar para o preço aumentos com custos de segurança, escoltas armadas, seguro, quando ainda fazem esse tipo de aumento por conta da sinistralidade, e custos logísticos, porque tivemos que alterar rotas e horários da circulação dos nossos caminhões”
Nos últimos 6 anos, a violência causou um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões ao estado do Rio de Janeiro, segundo estimativas da Firjan.
Com a onda de roubo de cargas no estado, empresários que costumavam escoar os produtos pelo porto do Rio começaram a usar, nos últimos meses, os terminais de Vitória e Santos. É mais longe e mais caro, mas é mais seguro.

Fonte: G1

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