Após reunião com Bolsonaro, caminhoneiros mantêm greve ‘contra o STF’

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Líderes caminhoneiros disseram hoje que sua "pauta de reivindicações" é contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e que não cessarão bloqueios em estradas até serem recebidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Eles falaram com a imprensa no Palácio do Planalto após reunião com o presidente Jair Bolsonaro. E afirmaram que o presidente não lhes pediu no encontro que cessassem as paralisações e bloqueios em rodovias em diversos Estados e na Esplanada dos Ministérios.


De acordo com o boletim mais recente divulgado pelo Ministério da Infraestrutura, há registros de paralisações em rodovias de 13 Estados, mas não haveria interdições.


Os caminhoneiros desceram ao andar térreo do Planalto após mais de três horas de reunião com o presidente. Também estiveram presentes o ministro Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, e os deputados Carla Zambelli (PSL-SP) e Vitor Hugo (PSL-GO).



Um dos caminhoneiros, Francisco Dalmora Burgadt, que se identificou como "Chico Caminhoneiro" e foi candidato a vereador na cidade de Canoinhas (SC), em 2020, disse que a mobilização continua até que Pacheco os receba.



"A gente está aqui representando um segmento da sociedade brasileira. A gente estabeleceu uma pauta de entrega de um documento ao senador Rodrigo Pacheco. E até o momento não obtivemos êxito nisso. Permanecemos no aguardo de ser recebido pelo mesmo", disse Burgadt. "E talvez existam algumas questões com relação a quanto tempo vai durar [a mobilização]. Nós estamos aguardando ser recebidos pelo senador Rodrigo Pacheco. Até que isso seja realizado, nós estamos mobilizados em todo o Brasil."




Questionado sobre qual é a pauta, Burgadt disse que "isso aí é uma coisa que está sendo elaborada, destinada direto a ele [Pacheco]”. Mas assegurou que o preço dos combustíveis não está entre as reivindicações.



"Eu não posso adiantar aos senhores quais são as reivindicações", disse. "Não temos nada com relação a preço do combustível neste momento. Nós estamos mobilizados pelos direitos de liberdade, direitos de expressão, direito de manifestação. O povo brasileiro infelizmente está sendo impedido de se posicionar em muitas questões e nós precisamos que isso mude, que a Constituição seja respeitada de forma integral."



Ontem, Bolsonaro divulgou um áudio pedindo aos caminhoneiros que desfizessem os bloqueios. Mas, de acordo com ele, o presidente não repetiu o apelo no encontro de hoje.



"O presidente não nos pediu nada. Nós estamos aqui numa visita de cortesia, visto que viemos ao Senado e infelizmente não pudemos ser recebidos", afirmou. "E como nós estamos mobilizados aqui, aproveitamos a oportunidade para estar com o presidente, que diga-se de passagem foi muito cordial. E estamos avançando no sentido de construir uma agenda que seja positiva para todo o povo brasileiro."



Outro caminhoneiro a falar com a imprensa foi Cleomar José Immich, de Sinop (MT). Ele reforçou que a pauta da categoria "é o STF" e insistiu em um encontro com Pacheco.



"A nossa pauta nunca foi com o presidente. A nossa pauta sempre foi STF via Senado. O Senado teria a obrigação de atender e tentar resolver a nossa questão. A insatisfação do povo brasileiro com o Judiciário, seria isso", afirmou.



Immich queixou-se que o Executivo foi único poder que lhes "abriu as portas e recebeu para entender o que está acontecendo e o porquê disso". Reclamou ainda que alguns setores da imprensa "estão dizendo que a nossa pauta é contra o presidente".



"Nós somos brasileiros, patriotas, caminhoneiros na sequência. Mas a nossa pauta é contra o STF, não diria assim contra. Nós queremos que todas as forças, todos os poderes políticos trabalhem dentro da Constituição", afirmou.



Na coletiva, Zambelli e Vitor Hugo afirmaram ter entrado com um pedido de habeas corpus para revogar a prisão do caminhoneiro Marcos Antonio Pereira Gomes, conhecido como “Zé Trovão”, que teve a prisão decretada na semana passada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por incitar um ato antidemocrático no 7 de Setembro. Ele está foragido, mas já teria sido localizado pela Polícia Federal em um hotel na cidade do México.

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